Liderança em Tempos de Risco: O Desafio e a Oportunidade no Setor Logístico.

Entre 2023 e 2027, o setor de logística no Brasil enfrenta um dos períodos mais complexos de sua história. O crescimento do e-commerce, as incertezas econômicas, a pressão por agilidade, sustentabilidade e eficiência, somados às vulnerabilidades da infraestrutura nacional, tornam o ambiente altamente suscetível a riscos. Nesse cenário, a gestão de riscos logísticos se torna uma função vital para a continuidade dos negócios. Mas, mais do que conhecimento técnico, essa função exige algo essencial: liderança.

Liderança que inspira, que age com propósito mesmo diante da incerteza. Liderança que mobiliza pessoas para atravessar crises, encontrar soluções e reconstruir cenários. Liderança que acolhe a complexidade do presente sem perder a visão de futuro. E é sobre essa liderança que precisamos falar.

A Nova Era da Liderança: Tendências e Exigências

O "Future of Jobs Report 2025", do Fórum Econômico Mundial, destaca que o mercado de trabalho dos próximos anos demandará uma conjunção cada vez mais integrada de competências humanas, sociais e cognitivas. Dentre as habilidades mais requisitadas estão:

1. Pensamento analítico

2. Resiliência, adaptabilidade e agilidade

3. Criatividade e originalidade

4. Aprendizagem ativa e estratégias de aprendizado

5. Liderança e influência social

Para quem lidera a gestão de riscos no setor logístico, essas competências não são apenas diferenciais competitivos: são condições de sobrevivência profissional.

O risco é parte estrutural da logística. Previsibilidade não é a regra. Greves, roubos de carga, falhas sistêmicas, condições climáticas e problemas na cadeia de suprimentos são apenas alguns dos eventos que desafiam o gestor. Nesse ecossistema, o conhecimento técnico em protocolos, compliance e indicadores é fundamental, mas insuficiente. O diferencial está em como o gestor lidera. Como engaja, como escuta, como comunica, como inspira.

Como desenvolver, e fortalecer suas habilidades de liderança (segundo o Future of Jobs Report 2025)

1️⃣Integre pensamento analítico + visão sistêmica com sensibilidade humana

Desenvolver a capacidade de interpretar dados, cenários e indicadores é parte essencial da gestão de risco. Mas não basta analisar. É preciso pensar sistemicamente, entendendo como uma decisão isolada pode impactar toda a cadeia.

Ao mesmo tempo, essa análise precisa estar conectada com o fator humano. Gestores que ouvem, consideram o contexto de seus times e decidem com empatia têm mais chance de tomar decisões eficazes e sustentáveis.

Pergunta de reflexão: Como minhas decisões técnicas como gestor de risco levam em conta o impacto humano e organizacional?

2️⃣Cultive resiliência, adaptabilidade e agilidade emocional

Segundo o WEF, essas serão algumas das competências mais valorizadas até 2030. Em um setor em que imprevistos são frequentes, manter o equilíbrio emocional é chave. A resiliência permite que o gestor se recupere rápido de crises. A adaptabilidade permite respostas criativas. A agilidade emocional garante que ele não congele diante do caos, mas saiba agir com serenidade.

Pergunta de reflexão: Quando foi a última vez que encarei um cenário de risco com frieza e clareza? O que me ajudou (ou impediu) de liderar com confiança?

3️⃣Desenvolva criatividade, inovação e iniciativa diante de desafios complexos

Criatividade não é exclusividade de designers e publicitários. Um gestor de risco criativo identifica soluções onde outros veem bloqueios. Ele projeta cenários alternativos, implementa soluções inovadoras e transforma problemas em oportunidades.

Pergunta de reflexão: Que solução criativa eu poderia propor para um risco recorrente na minha operação logística hoje?

4️⃣Aposte na aprendizagem ativa, autoconhecimento e aprendizado contínuo

O gestor de risco do futuro é um "aprendedor profissional". Está sempre revisitando suas crenças, buscando novas estratégias e expandindo sua consciência. Isso inclui não apenas cursos e certificações, mas também mentorias, feedbacks e experiências de introspecção.

Pergunta de reflexão: Quais crenças sobre liderança e risco preciso questionar para evoluir hoje?

5️⃣Misture competências humanas com literacia tecnológica

A gestão de risco logístico do futuro passará por dashboards, IA, sistemas integrados e big data. Mas é preciso ir além da leitura dos dados. O gestor do futuro será aquele que traduz esses dados com significado humano, usando a tecnologia como aliada, e não como muleta.

Pergunta de reflexão: Como eu posso usar tecnologia sem perder o olhar humano na liderança?

Caminhos práticos para aplicar o desenvolvimento

• Autoavaliação estruturada: crie um plano pessoal baseado nas 5 habilidades sugeridas. Avalie onde você está e defina metas mensuráveis.

• Rotinas de feedback e escuta ativa: promova espaços de conversa autêntica com sua equipe. A escuta reveladora fortalece a confiança.

• Experimentos de liderança adaptativa: proponha pilotos ou projetos para testar novas abordagens de liderança ou gestão.

• Capacitação híbrida: busque treinamentos que integrem conhecimento técnico (compliance, análise de risco) com competências humanas (liderança, comunicação, emocionalidade).

• Mentoria e comunidades de prática: troque experiências com outros gestores de risco ou líderes do setor. Inteligência coletiva acelera o aprendizado.

Liderar riscos é liderar pessoas

O gestor de risco não é apenas o profissional que sabe como responder à crise. Ele é aquele que sabe como manter o time coeso, como acolher a tensão e redirecioná-la para a ação. Como manter viva a motivação mesmo diante do caos. Como usar a vulnerabilidade como ponte para a confiança. Como olhar para a adversidade e ver nela a oportunidade de construir um legado.

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📍Vitor Rodrigues é Chief Knowledge Officer da Rise Desenvolvimento Humano, Incentivador da criação do Fórum de GR e sócio da FGR Educação, organização responsável pela criação do GRAA – Imersão Gerente de Riscos AA, desde 2024.