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Prioridades na gestão de riscos em 2021

Atualizado: 23 de fev. de 2021


Com o passar dos anos e de maneira ainda mais acentuada nos últimos tempos, vejo a área de Gestão de Riscos se desenvolvendo e ganhando notoriedade e importância nas companhias, pois, principalmente em função dos perceptíveis resultados desta gestão, as corporações passam a enxergar este serviço como fundamental para sustentar as operações e permitir que a empresa possa focar no seu core business.


Principalmente neste cenário alarmante que conta com Corona-vírus, instabilidade política, falência de algumas UFs, dólar em patamar crítico, crimes virtuais, mudanças no cenário político e econômico mundial, implemento da LGPD e tantas outras mudanças que observamos, o profissional de Gestão de Riscos que consegue ter uma visão holística e 360° muito se destaca e eleva seu valor, trazendo pontos de vista importantes e talvez inobservados, que muito auxiliam nas tomadas de decisão e elaboração do planejamento estratégico.





Por conta da minha trajetória e foco principal de atuação, meu dia-a-dia é mais voltado aos riscos inerentes ao transporte de cargas, onde lemos e ouvimos muito sobre o Roubo de Cargas, até mesmo por ele ser mais veiculado nas mídias e jornais, mas, mesmo na área de transportes, existem diversos outros riscos (às vezes escanteados) que podem trazer prejuízos bem maiores, onde destaco, entre outros, os acidentes rodoviários.


Em 2019, por exemplo, houve 18382 roubos de carga registrados no Brasil, ou seja, um roubo de carga a cada 29 minutos. Portanto, apesar de estarmos diante de números melhores do que nos anos anteriores, ainda é um volume muito expressivo e que mantém o país no primeiro lugar do ranking mundial (se excluirmos países em situação de guerra), então podemos concluir que, considerando o número de eventos, foi o melhor índice dos últimos cinco anos, porém, somente em perdas diretas, representou R$ 1,4 bi ou, se preferir, 0,02% do PIB.


No caso do roubo de cargas, estudos apontam que a perda total pode chegar a cinco vezes o valor da perda direta, pois se deve incluir os custos da nova produção, de reposição, impactos na marca, perda de market share, entre outros custos englobados, então, a cada R$ 1.000,00 de carga roubada podemos estimar R$ 5.000,00 de “perda geral”.


Para o consolidado 2020 os números de roubos de carga tendem a ficar um pouco mais baixo, pois, em algumas prévias que publicaram, RJ registra 33,1% de redução, SP registra 19,1% de redução além de outros Estados, como AL, por exemplo, que registra 52% de redução (de janeiro a setembro) e MG que também apresentou redução, então, no global, possivelmente teremos números cerca de 22% abaixo dos de 2019 e, portanto, novamente abaixo da média dos últimos anos.


Os números do roubo de carga são alarmantes, mas estima-se que perdemos cerca de sete vezes mais com os acidentes rodoviários. Assim, podemos considerar perdas diretas na ordem de aproximadamente R$ 10 bi com este tipo de evento que, apesar de ser um tema não tão explorado nos noticiários, merece atenção total por parte dos gestores de riscos e empresários do setor.



Seja nas empresas relacionadas diretamente com operações logísticas ou em outros diversos setores, a perda financeira pode preocupar, mas o que devemos levar em conta, de verdade, são as milhares de vidas perdidas nestes acidentes, pois estudos mostram que em 2020, mesmo com suas características de restrição na mobilidade, 80 pessoas morreram por dia em consequência de acidente de trânsito no nosso país.


O Brasil registrou 27.839 indenizações pagas por acidentes de trânsito com vítimas fatais entre janeiro e outubro de 2020, ficando entre dez primeiros com maior número de mortes causadas por acidentes nas ruas, estradas e rodovias.



Não obstante, devemos voltar nossas atenções às novas ameaças ou riscos existentes em TODOS OS NEGÓCIOS que vêm se tornando mais elevados e, nesta linha, chama atenção os volumes que verificamos nos “Cyber Crimes”, onde vemos cifras gigantescas envolvidas e números de ataques crescentes e cada vez mais estruturados, portanto é mais um risco cuja atenção dos gestores deve ser na mesma proporção.,

Em recentes matérias divulgadas por empresas especializadas, falam sobre o Brasil ter sofrido mais de 3,4 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos de janeiro a setembro de 2020, então, não podemos baixar a guarda em momento algum.


Extrapolando para um contexto global, outros estudos recentes calcularam que o impacto econômico somente do ataque tipo ransomware (que é aquele onde se sequestra informações da empresa/usuário para cobrar posteriormente – semelhante a um sequestro) foi de US$ 11,5 bilhões em 2019, ou seja, algo em torno de R$ 62.0 bilhões.


Acredito que, atualmente, os “Riscos cibernéticos” sejam o maior risco de qualquer organização. Para muitas delas, o impacto causado por um ataque cibernético ainda é incalculável ou até desconhecido, mas pode significar uma catástrofe.


Seja nestes exemplos supracitados ou em tantos outros que vemos por aí, o fundamental é percebermos que a gestão de riscos corporativos necessita ser avaliada com base em análises prospectivas [que não se trata de uma projeção matemática e/ou um cenário projetivo (baseado apenas no passado), pois consiste em uma análise que utiliza os dados do passado e o que está ocorrendo hoje (contexto interno, externo, política, economia, benchmarking e etc)] para que se possa direcionar os esforços] onde a missão é enxergar o todo, dentro e fora das companhias e saber que abrange o operacional e o estratégico, o físico e o digital e muito mais do que uma área de segurança.




 

O Autor

Leonardo Cerqueira Souza




Co-fundador e administrador do FÓRUM DE GR

Risk Manager na Ativa Logística.

MBA em Gestão de Riscos Corporativos pela FGV e graduado em Logística, com mais de 15 anos de experiência em Gerenciamento de Risco, Logística, Segurança Empresarial e Processos.

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