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2018 x 2019 na visão de um Gestor de Riscos no Transporte de Cargas

Atualizado: 20 de mar. de 2019

Por Leonardo Cerqueira Souza




Na área de gestão de riscos no transporte de cargas, não diferente de muitas outras áreas, acabamos de terminar um ano bastante conturbado e marcado pela inconstância política, insegurança jurídica, falência de algumas UFs (com destaque negativo para a segurança pública), eleições, copa do mundo, greve de motoristas, diversas emendas de feriado, entre outros fatos e fatores que impactaram expressivamente nos resultados das organizações.

Para a área de GR o ano de 2019 começou com tudo e as ações criminosas estão agressivas, possivelmente pela necessidade de o crime organizado “fazer caixa” para bancar as ações terroristas no Nordeste.

Devemos manter o foco e estar preparados, pois certamente teremos um ano difícil pela frente, marcado pela necessária adaptação ao novo governo, seus métodos e estratégias e que, na minha ótica, pelo menos num primeiro momento, fará acentuar esta briga “entre o bem e o mal”, por conseguinte, traduzindo isso para o dialeto da nossa área, significa que teremos que nos aparelhar para muita briga contra a criminalidade, pois o roubo de carga no Brasil virou o “Plano A” de muitas organizações criminosas, até mesmo por conta da rentabilidade, sensação de impunidade e facilidade na receptação/recolocação dos produtos apanhados.


Existem redes de receptação distintas e específicas para cada tipo de produto e estas redes seguem as mesmas premissas do crime organizado em geral, estando apoiadas pela mesma estrutura, onde as atividades são destinadas a obter poder e lucro, transgredindo as leis da sociedade.

Dentre as atividades que sustentam o crime organizado, podemos citar como principais o tráfico de drogas, tráfico de armas, roubo de cargas, jogos de azar e corrupção pública e privada, sendo provavelmente estas últimas as de maior importância para as quadrilhas.

Podemos notar que existe um certo padrão comportamental nas ações, de acordo com o tipo de produto alvo e por trás destas quadrilhas, principalmente nas mais especializadas, toda uma infraestrutura, sendo que cada integrante tem a sua função definida e cuidadosamente planejada. Isso proporciona agilidade e assertividade no roubo e nos processos de armazenagem e distribuição dos produtos roubados.

A fragilidade das leis e a falta de ações específicas de combate por parte do poder público criam facilidades para as quadrilhas e permitem que os produtos roubados sejam rapidamente inseridos e absorvidos no mercado consumidor.


Especificamente sobre os roubos de carga, entre as mercadorias mais visadas, continuam em destaque os PRODUTOS ALIMENTÍCIOS, CIGARROS, BEBIDAS e ELETRÔNICOS, nesta ordem, e os prejuízos diretos ultrapassam R$ 1,5 bi por ano (base 2017). Para dar uma melhor dimensão da gravidade deste problema crônico, estima-se que o custo indireto com uma carga roubada seja, em média, cinco vezes maior do que o valor que consta na nota fiscal.



Para 2019, com base nas projeções de aumento do PIB, recuperação da confiança dos investidores internacionais, entre outros indicadores com sinalizações positivas, existe a tendência de elevação na produção e, por consequência, na movimentação de produtos. Portanto, se faz necessário revisar os planos de investimento e estratégias em GR para o ano que iniciamos, tornando-as preferência.

Lamento constatar e informar que, se continuarmos seguindo sem o devido enfrentamento por parte das autoridades e segurança pública, os números, mais uma vez, tendem a permanecer nos patamares caóticos dos últimos anos.


Por derradeiro, concluo que todo este cenário comprova a necessidade e importância de se manter uma área de Gerenciamento de Riscos estruturada, independente e atuante nas companhias, ressaltando a obrigação de desenvolve-la e aprimorá-la continuamente.

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